Brasília – A bancada do PT no Senado Federal reúne-se nesta segunda-feira para definir sua posição sobre o requerimento da oposição de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a denúncia de corrupção contra o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares do Ministério da Articulação Política, Waldomiro Diniz.
A reunião servirá para o PT fechar a questão sobre o assunto. Alguns senadores do partido, como o ex-líder Tião Viana (AC) e Eduardo Suplicy (SP), são favoráveis à instalação da CPI. Outros, a exemplo da atual líder, Ideli Salvatti (SC), são cautelosos quanto à proposta. Um terceiro grupo, liderado pelo deputado Professor Luisinho (SP), é totalmente contrário.
Na última sexta-feira (13), ainda sob o impacto da denúncia e dos discursos da oposição nos plenários do Senado e da Câmara, Ideli Salvatti disse que somente tomaria uma posição sobre apoiar ou não uma CPI após ouvir toda a bancada no Senado e consultar seus companheiros na Câmara.
A indecisão sobre o apoio ou não a uma CPI também atinge outro partido da base aliada do governo, o PMDB. O líder no Senado, Renan Calheiros (AL), pediu cautela aos seus liderados para esperar uma reunião da bancada esta semana, antes de assinar o requerimento de instalação da comissão.
A posição de Calheiros, porém, não conseguiu conter o senador Mão Santa (PMDB-PI), um dos primeiros a assinar o requerimento da CPI, apresentado pelo senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT).
Paes de Barros, que atualmente preside a CPI mista que investiga irregularidades ocorridas no Banestado, espera conseguir as 27 assinaturas mínimas para a instalação da comissão até quarta-feira.
Até agora, segundo suas próprias informações, ele só conseguiu cinco assinaturas. Além da instalação da CPI, o senador quer o afastamento temporário do cargo do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, até que sejam concluídas as investigações da CPI e da Polícia Federal.
Waldomiro Diniz ocupava ultimamente a subchefia parlamentar do Ministério da Articulação Política e foi exonerado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a denúncia. Ele é acusado, em reportagem publicada pela revista Época, de negociar dinheiro para campanhas eleitorais – além de propina para si mesmo – com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, do Rio de Janeiro.
A edição desta semana da revista traz a transcrição de um vídeo no qual o ex-assessor aparece acertando o esquema de suborno com o bicheiro, em 2002, quando ele presidia a Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj). A fita foi repassada ao Ministério Público pelo senador Antero Paes de Barros (PSBD–MT) antes da publicação da reportagem.
Por determinação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a Polícia Federal abriu inquérito, que correrá no Rio. As investigações serão comandadas pelo delegado Antônio César Fernandes Nunes, que atua na Superintendência da PF naquele Estado.
(Antônio Arrais e Ellis Regina )
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