Arcebispo diz que não podem ser criados bodes expiatórios e cobra do governo federal medidas concretas para que acordos sejam feitos e a paz restabelecida
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O Arcebispo da Arquidiocese de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa encaminhou para a presidenta Dilma Roussef uma carta e nela, além de pedir o empenho do governo federal para resolver os conflitos por terras em Mato Grosso do Sul, defende o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), da Igreja Católica, que sempre apoiou os índios em condições de miséria no Estado. Um grupo ligado aos ruralistas acompanhou a sessão e protestou pacificamente.
“Diante dessa situação que se arrasta por décadas, alguns querem encontrar um bode expiatório”, citou um dos trechos da carta, o deputado estadual Pedro Kemp (PT), durante a sessão na Assembleia Legislativa, logo após a deputada Mara Caseiro (PT do B) ir à tribuna e apontar o CIMI como suspeito de incitar as ocupações indígenas e assim, a violência. A parlamentar pede uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o CIMI.
No fim de semana, o bispo de Dourados, dom Redovino Rizzardo, divulgou também nota cobrando do governo federal um solução para os conflitos entre indígenas e fazendeiros dentro da circunscrição diocesana. “Pela enésima vez, o território da diocese de Dourados se tornou palco de enfrentamentos entre indígenas e agricultores, revelando o descaso e a desumanidade do Poder Executivo e Judiciário ante uma situação de injustiça que a todos preocupa e prejudica”, disse Rizzardo.
A carta de Dom Dimas veio em seguida e foi encaminhada para a presidenta da República. Em outro trecho dela, lido por Kemp, Dom Dimas afirma que sabe que há muito tempo a Polícia Federal investiga o CIMI quando que na realidade os culpados são os três poderes. Sendo o principal deles, o público federal. “Afinal, o Estado do Mato Grosso foi quem titulou terras indígenas”.
Kemp acrescentou: “A Bancada do PT vai apresentar amanhã (2) um requerimento contra esse requerimento da deputada Mara porque a CPI não contribui em nada. Pelo contrário, a situação está cada vez mais tensa e não é um fato isolado o que aconteceu em Antônio João e sim, está dentro de uma sequência de fatos com desfechos lamentáveis como as mortes das lideranças indígenas. Não temos até hoje conclusão sobre essas mortes e não queremos mais derramamento de sangue, confronto”.
Um grupo ligado aos ruralistas acompanhou a sessão e protestou pacificamente.
A terra em Antônio João foi homologada pelo presidente Lula como área indígena. Os proprietários recorreram na Justiça e o processo já está no STF (Supremo Tribunal Federal). O processo demarcatório está paralisado. Os produtores querem indenização.
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