Brasil e a China discutem acordo para cooperação na área nuclear que poderia envolver autonomia do Brasil na produção industrial de urânio enriquecido. O ministro da Ciência, Minas e Tecnologia, Eduardo Campos(foto), que está em Pequim, disse que tem havido manifestação de interesse no urânio bruto brasileiro e no processo de centrifugação desenvolvido pelo País. O Brasil também busca recursos para seu programa nuclear e também ter autonomia no processo de enriquecimento de urânio. Foi criado um grupo de trabalho que terá a tarefa de elaborar um relatório num prazo de 90 dias propondo mudanças no programa nuclear brasileiro. Haverá um novo contato com os chineses em agosto, após avaliação do programa nuclear brasileiro.
O Ministério de Ciência e Tecnologia divulgou nota oficial confirmando o interesse da China em adquirir urânio não beneficiado do Brasil.
A nota oficial do Ministério de Ciência e Tecnologia é a seguinte, na íntegra:
“Nos contatos que manteve em Pequim, durante a visita oficial do Presidente da República a China, o Ministro Eduardo Campos tratou, com autoridades chinesas de Ciência e Tecnologia, sobre possibilidades de intensificar a cooperação científica e tecnológica entre os dois países, em várias áreas do conhecimento, seguindo o exemplo da cooperação na área de usos pacíficos do espaço exterior, tida como modelo de cooperação entre países em desenvolvimento. As novas áreas de cooperação poderão incluir a biotecnologia (genoma funcional do arroz, algodão colorido, genoma da soja), bioinformática, tecnologias de informação e comunicação, usos pacíficos da energia nuclear, entre outros.
Em 25 de maio, em reunião na Comissão de Ciência e Tecnologia para a Indústria e Defesa Nacional (COSTIND), órgão chinês responsável pelas áreas espacial e nuclear, a Parte chinesa demonstrou interesse em explorar, com o Brasil, possibilidades de ampliar a cooperação na área de aplicações pacificas da energia nuclear, tais como radioisotopos para uso médico, agrícola, segurança de instalações nucleares e preparação para emergências.
A parte chinesa demonstrou, igualmente, interesse em adquirir, do Brasil, urânio não-beneficiado, bem como em conhecer a tecnologia brasileira de enriquecimento do mineral. Em resposta, o Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, apresentou as características do programa nuclear brasileiro e os planos do Governo Federal de estudar alternativas que permitam viabilizá-lo como fonte de recursos segura e adequada.
O Ministro informou à Parte chinesa que o Brasil não participa do comércio internacional de minério de urânio. Uma revisão dessa política dependeria dos resultados de estudo abrangente, de nível interministerial, que deverá ser coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia nos próximos três meses. Quanto ao urânio enriquecido, dada a fase incipiente do programa, o país não dispõe de capacidade para atender às suas próprias necessidades internas, não estando portanto em condições de exportá-lo.
A cooperação nessa área não excluiria, de qualquer modo, a possibilidade de participação de outros países interessados, que respeitam as normas internacionais supervisionadas pelas agências multilaterais com competência na matéria. O Ministro Eduardo Campos informou, por fim, que uma posição governamental sobre o tema poderá ser transmitida à parte chinesa durante a programada visita ao Brasil do Presidente da COSTIND, em agosto, quando serão igualmente tratadas as questões previstas no Memorando de Entendimento assinado durante a visita sobre aplicações da área espacial.”
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