O evento é o contraponto ao Fórum Econômico Mundial, que anualmente ocorre em Davos (Suíça), e neste ano será entre os próximos dias 21 e 25.

O aeroporto de Bombaim se transformou numa Babel, onde se escutam todas as línguas, desde guarani até coreano.
Mas, ao sair do aeroporto, uma amarga realidade espera esses enviados, que enfrentaram uma longa viagem para participar de conferências, debates, painéis e manifestações em torno do tema “outro mundo é possível”.

Com metade de seus 18 milhões de habitantes na miséria, em Bombaim não é possível escapar do rosto da pobreza.
A diferença em relação a Porto Alegre, que acolheu o fórum desde seu nascimento, em janeiro de 2001, e onde seu 1,3 milhão de habitantes gozam de um dos níveis de vida mais altos do país, é que na Índia está o oposto dos ideais do Fórum Social Mundial.

Ao longo da rodovia que une o aeroporto à cidade, estendem-se gigantescas vilas de miseráveis. Nas ruas, mendigos, muitos com um membro mutilado, arrastam-se, pedindo esmola. O mesmo fazem crianças em farrapos e mulheres vestidas com o tradicional sári.

Enquanto isso, a outra metade da população vive em casas vitorianas ou em arranha-céus e dirige carros sofisticados.

Outra diferença flagrante entre Bombaim e Porto Alegre é que a cidade gaúcha foi administrada durante 14 anos pela esquerda e sua gestão continua sendo citada como modelo por ativistas desse movimento que busca alternativas ao modelo neoliberal.

Bombaim é controlada pela extrema direita nacionalista hindu, que denuncia, por exemplo, “a invasão dos imigrantes” de outras regiões da Índia.

Bombaim “não é o melhor espelho” da ideologia do Fórum Social Mundial, resume Vendana Shiva, um ecologista indiano convidado do fórum.