Criação de rádios comunitárias, educação no campo e luta contra aquecimento global. A política de integração dos governos da América Latina e a discussão de um modelo econômico que substitua o neoliberalismo. Demarcação de terras indígenas e quilombolas, além da invasão norte-americana no Iraque. A carta à sociedade brasileira divulgada hoje (14) pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem propostas para todos esses temas. E mostra que, no 5º Congresso Nacional em seus 23 anos de história, o MST não defende mais apenas a reforma agrária.
O documento representa esse esforço do movimento em tornar a reforma agrária importante para toda sociedade, e não somente para a população que não tem acesso à terra. “A cidade também recebe os benefícios da agricultura, então é fundamental que façamos isso com a participação da sociedade urbana. Esse documento representa o nosso desejo de que o Brasil se torne um país igualitário e soberano”, afirma Fátima Ribeiro, uma das integrantes da coordenação nacional do MST.
“Nós não queremos ser os salvadores do mundo, mas é importante que a sociedade saiba e discuta que esse modelo (do agronegócio) está cada vez mais exaurindo os recursos naturais e devemos ter a preocupação com o futuro”, afirmou outro integrante da coordenação nacional, Gilmar Mauro, em entrevista após ler a carta no Ginásio Nilson Nelson.
Para que a aproximação com a cidade se concretize, o MST também aposta em manifestações em conjunto com outros movimentos sociais, como as que ocorreram no dia 23 de maio. Nesses protestos, a pauta de reivindicações também ia muito além da reforma agrária. O ato, em parceria com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação de Lutas (Conlutas), era contra reformas na previdência ou nos direitos trabalhistas.
Alianças com governos estaduais e com parlamentares, dentro do Congresso Nacional, também são táticas que o MST pretende explorar. “Nesse sentido vamos fazer força para que o projeto de lei que libera o milho transgênico não passe e ele não vai passar e também para que o leilão da (empresa) Vale do Rio Doce seja revogado e anulada, portanto, sua privatização”, falou.
O Congresso do MST recebeu ontem a visita de parlamentares e do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), que mantém um convênio com o movimento no estado. Um dia antes, o governador baiano Jacques Wagner (PT) esteve também no encontro do MST. Wagner assinou um termo de compromisso com o movimento. Hoje, o movimento recebeu o ministro da Educação, Fernando Haddad.
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