“Latrocínio de jovens em Campo Grande não foi caso pontual”, alerta deputado estadual Pedro Kemp (PT)
O deputado estadual Pedro Kemp (PT), ex-presidente do CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos) Marçal de Souza – Tupã Y, reiterou a importância da sociedade manter acesa a chama da indignação diante de inúmeros fatos marcados pela violência e fez um alerta para que as tragédias não tenham conotação de banalização. O parlamentar participou do debate “Não podemos esquecer”, promovido pela OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil/Mato Grosso do Sul) nesta quinta-feira (13) sobre a onda de violência no Estado e as facilidades que os veículos roubados na região de fronteira trafegam livremente nos países vizinhos.
Pedro Kemp ressaltou a importância do debate e afirmou que as maiores mudanças feitas no Brasil aconteceram depois de muita pressão da sociedade. Ele salientou que a causa da violência envolve vários fatores: estruturais, psicológicos e o modelo econômico injusto e excludente.
Ele repetiu e frisou a frase do coordenador nacional dos direitos humanos, Pedro Wilson: “O maior risco é a naturalização da violência, considerar barbárie um fato corriqueiro”.
A discussão veio à tona depois do latrocínio dos jovens Breno Luigi Silvestrini, 18, e Leonardo Batista Fernandes, 19, registrado no começo do mês. Uma quadrilha de Ladrões de caminhonete, também jovens, iriam trocar o veículo Pajero por cocaína na Bolívia. Todos foram presos e a tragédia fez borbulhar novamente a discussão sobre até onde vai os tentáculos do crime organizado dentro e fora do território brasileiro.
Participaram das discussões familiares dos jovens e também de outras vítimas como Brunão (segurança do bar Valley Pub Jeferson Bruno Escobar, 23 anos, morto vítima de espancamento em março de 2011) e a menina Bruna (Bruna Caroline Pereira da Silva, 15, morta a tiros em janeiro de 2011). O presidente da OAB/MS, Leonardo Abss Duarte abriu as discussões dizendo que o País precisa se empenhar em enfrentar de frente a violência.
Kemp disse aos pais de Breno e Leonardo que o caso que aconteceu com os jovens não foi um fato isolado e para tentar mensurar o tamanho do problema citou casos conhecidos como do menino João Hélio morto arrastado por 15 km preso no cinto de segurança do carro da família, enquanto os bandidos fugiam; o do índio Galdino queimado vivo em uma praça da capital federal e da empregada doméstica negra vítima de espancamento, atacada por uma gangue. Lembrou ainda do pai que foi flagrado ao surrar a filha arrastada e erguida por uma das pernas.
“Todos esses fatos revelam que a sociedade está doente , perdeu a referência, a violência se banalizou. É muito importante manter a chama acesa da indignação. É muito importante a mobilização permanente da sociedade, a articulação para fazer enfrentamento em várias áreas e setores”, disse afirmando que a Assembleia Legislativa já provocou o Ministério das Relações Exteriores e a Polícia Federal para buscar medidas de segurança dentro e fora do Brasil.
Ele finalizou dizendo que só investimentos pesados e sérios em ações preventivas, enfrentamento ao tráfico e valorização da vida podem frear a criminalidade e diante das análises, concluiu dizendo que nenhuma explicação vai curar a ferida aberta no coração das famílias vítimas da barbárie.
Representando a Justiça participou do debate o juiz da Vara de Execuções Penais Thiago Nagasawa. Também estiveram presentes pela segurança pública, o delegado superintendente da Sejusp (Secretaria de Estado de Segurança Pública), André Matsushita, o diretor-geral de Polícia Civil, Jorge Razanauskas, a delegada titular da Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos), Maria de Lourdes Cano e o tenente-coronel da Polícia Militar, do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), Hélio Gauto.
A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB/MS, Kelly Cristiny de Lima Garcia mediou o debate que contou também com a participação do deputado estadual Professor Rinaldo (PSDB) e do presidente da Comissão dos Advogados Criminalistas da OAB/MS, Luiz Carlos Saldanha Júnior e do inspetor da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Ciro Vieira Ferreira.
Após esse debate, os representantes de Mato Grosso do Sul na Câmara Federal serão acionados pela OAB-MS para buscar soluções efetivas ao problema enfrentado nas fronteiras.
(Jacqueline Lopes – jornalista assessoria de imprensa Mandato Pedro Kemp)
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