Por Pedro Kemp
Repercuti hoje, na sessão da Assembleia, a denúncia da existência de um grande esquema de corrupção na aquisição de vacinas contra a Covid-19 no interior do Ministério da Saúde.
O governo Bolsonaro recusou sistematicamente a compra de vacinas com eficácias mundialmente reconhecidas e disse que não iria atrás de nenhuma empresa para comprar vacinas, elas que viessem atrás. Nós achávamos que esse comportamento era só negacionismo, por minimizar a gravidade da pandemia e que a estratégia do governo era a da imunidade de rebanho, ou seja, deixaria que a população se contaminasse em massa, que em torno de 3 a 5% morreria e o restante ficaria imunizado. Mas não, havia em andamento a negociação de um esquema bilionário de propinas na compra de vacinas por agentes do governo. Primeiro, o contrato que estava sendo negociado com a empresa Precisa para a compra da vacina indiana Covaxin na ordem de 1 bilhão e 600 milhões de reais.
O processo estava sendo negociado em tempo record e em valores superfaturados, sendo que já estava sendo antecipado o pagamento de 45 milhões de dólares. O presidente Bolsonaro foi avisado do esquema, disse que era coisa do seu líder na Câmara, deputado Ricardo Barros, e, ao invés de mandar apurar a denúncia, determinou a abertura de um processo disciplinar contra o servidor do ministério que fez a denúncia. Enfim, o presidente sabia e não fez nada, o que caracteriza crime de prevaricação, no mínimo.
Como se não bastasse, outra denúncia se segue a esta da Covaxin. O Ministério da Saúde estava negociando a compra da vacina Astrazeneca com pagamento de propina de 1 dólar por dose. Como a compra seria de 200 milhões de doses, o esquema seria de desvio de 1 bilhão de reais.
É de causar indignação e revolta, saber que enquanto mais de 500 mil vidas foram perdidas para a pandemia o governo negociava propina para comprar vacinas, além de que essas mortes poderiam ter sido evitadas se o governo tivesse agido com seriedade no tempo certo, quando as empresas ofereciam as doses ao Brasil. Hoje fico pensando nas famílias enlutadas e nas milhares de crianças órfãs pelo país afora, muitas enfrentando fome, miséria e abandono. Resta-nos saber quem vai responder e pagar por essa tragédia e por esses crimes denunciados.
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