Promotora Paula Volpe cita Hospital de Barretos como bom exemplo e afirma que denúncias em MS não param por ai; Rivaldo Venâncio defende o SUS como conquista nacional e diz que para ele HU está a serviço de interesses privados
_____________________________________________________________________
A Terceirização dos Serviços de Saúde no MS, tema da audiência pública que acontece na Assembleia Legislativa, foi criticada pelo deputado estadual Pedro Kemp (PT). O suposto direcionamento de pacientes com câncer que fazem tratamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para clínicas particulares feito pelo Hospital Universitário e Hospital do Câncer, conforme denúncia do Ministério Público, foi apresentado como um dos problemas enfrentados em Campo Grande e tornou-se escândalo nacional após a veiculação de reportagem no Fantástico que apontam a suspeita de um esquema fraudulento nos cofres públicos. A matéria foi exibida novamente no Plenário Júlio Maia, na Assembleia nesta tarde.
“Eu não acredito nesta história de que o que é público não presta e o que é privado é bom. É um lógica neoliberal, privatizar tudo”.
Kemp disse que diante da gravidade das denúncias sobre a suposta máfia da Saúde em Campo Grande, fica evidente a fragilidade dos discursos sobre falta de verbas para o setor. “Falam que a presidente Dilma tem que aplicar mais dinheiro, nós vamos ter que provar por que falta verba? Pra encher o bolso de quem está privatizando a Saúde? Temos que defender o SUS! A serviço público é investimento, a lógica do privado é o lucro se terceirizar mais caro fica”.
A promotora Paula Volpe, responsável pelas investigações, acrescentou dizendo que o SUS paga muito bem para os serviços de alta complexidade e que o problema levantado até o momento mostra falha na gestão dos recursos. “Tratamento contra o câncer é de alta complexidade, paga-se muito bem”, disse. Paula Volpe, também defende o setor público e deu como exemplo de boa gestão o hospital referência no tratamento contra o câncer, o de Barretos (SP).
“Há dez anos foi feito isso com a água em Campo Grande e hoje cobram 70% de taxa de esgoto. A Enersul foi privatizada e roubou o povo. A CPI feita nesta casa comprovou que as contas de luz eram supervalorizadas. O povo não entende de planilha”.
Kemp indagou Paula Volpe se em algum momento ela sofreu pressão dentro do Ministério Público para recuar e parar seu trabalho. A promotora disse que não. Durante a fala de Paula Volpe na audiência pública, a promotora afirmou que as investigações ainda continuam, que mais denúncias devem surgir e que uma equipe de médico encaminhada pelo Ministério da Saúde faz um devassa técnica em todos os prontuários médicos de pacientes que fizeram a radiologia nos períodos entre 2009 a 2012. A estimativa é que o Hospital do Câncer atenda 200 pessoas por mês.
Além desses dois hospitais, a Prefeitura de Campo Grande já pediu também que seja feita uma nova devassa na Santa Casa.
Kemp perguntou também para a secretária de Estado de Saúde, Beatriz Dobashi sobre a suspeita de o Estado não ter aceito as máquinas para radioterapia oferecidas pelo SUS para beneficiar empresas terceirizadas. A secretária disse que tudo passou pelo Conselho de Estado de Saúde, composto por representantes da população, e não soube esclarecer a indagação.
O infectologista Rivaldo Venâncio também defendeu o SUS ao dizer que foi a maior conquista do povo brasileiro nos últimos tempo. Para o médico, o HU já está a serviço de interesses privados.
0 comentários