Vítima ligou para o 190 e para a Deam e não obteve ajuda; com faca, marido ameaçou família por dois dias.
O deputado estadual Pedro Kemp (PT) denunciou hoje (6) o descaso no atendimento à mulher vítima de violência doméstica em Campo Grande. Segundo o parlamentar, no domingo (4) e na manhã de segunda-feira (5), a dona-de-casa Lúcia (*), moradora do Jardim Carioca, na saída para Aquidauana, ficou “presa” em sua própria casa em decorrência de ameaças feitas pelo marido, que utilizou uma faca para amedrontar sua família. Sem poder sair para pedir ajuda, a vítima telefonou para a Polícia Militar, no 190, e também para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) nos telefones 3384 1149 e 3384 2946. Mas, não recebeu ajuda, relatou Kemp.
“Com medo e sem receber o atendimento, ela ligou para familiares em Anastácio, que entraram em contato com nosso Mandato pedindo ajuda. A filha também ligou para 190 e não apareceu viatura”. Kemp disse que por meio de requerimento vai cobrar do Governo do Estado uma ação concreta para que sejam estendidos os plantões da Deam nos fins de semana.
O deputado lembrou que a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), que investiga a violência doméstica no Brasil, esteve no final do ano passado em Mato Grosso do Sul e na Capital constatou in loco os problemas enfrentados pela vítima no que diz respeito a responsabilidade do aparelho estatal. A falta de mais uma Deam em Campo Grande, o problema de hoje a única delegacia especializada não ter plantões e equipe suficiente para atender a demanda nos fins de semana, quando aumentam os riscos de acontecerem as brigas, agressões e mortes foram identificados pela CPMI, acrescentou Kemp.
Os deputados Cabo Almi (PT), Zé Teixeira (DEM) e Laerte Tetila (PT) apoiaram o pronunciamento de Kemp.
O requerimento será encaminhado para a Secretaria de Governo, Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública e Subsecretaria das Mulheres.
Diante da situação de descaso, Kemp chamou de teatro e falácia as tradicionais homenagens feitas pelo poder público para comemorar o Dia Internacional da Mulher. O deputado acrescentou ao afirmar que na Assembleia Legislativa ao invés da entrega de flores é preciso debater o problema no dia 8 de março.
Violência em números em Mato Grosso do Sul
Mato Grosso do Sul é o 5º lugar entre os estados do País em assassinatos de mulheres, com taxa de homicídios de seis assassinatos para grupo de 100 mil mulheres, acima da média nacional, que é de 4,4. O primeiro colocado é o estado do Espírito Santo (9,4), o segundo Alagoas (8,3) e o Paraná aparece na terceira colocação (6,3).
A capital, Campo Grande, possui taxa de homicídios de 3,3 assassinatos para grupo de 100 mil mulheres e ocupa a 24ª colocação entre as capitais do Brasil no quesito violência contra as mulheres.
Ponta Porã é a cidade mais violenta do Estado e ocupa a 10ª colocação entre as 100 cidades mais violentas do Brasil. A taxa de homicídios é de 17,8 assassinatos para grupo de 100 mil mulheres.
Número muito acima da média nacional, que é 4,4. A cidade supera as capitais mais violentas do Brasil, como Porto Velho, Rio Branco e Manaus, que têm índices acima dos 10 homicídios em 100 mil habitantes. Os dados são do Mapa da Violência 2012, elaborado pelo Instituto Sangari/Ministério da Justiça. O relatório completo do Mapa da Violência atualizado em 2012 pode ser acessado no sitewww.mapadaviolencia.org.br
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que a violência doméstica é a principal causa de lesões em mulheres de 15 a 44 anos no mundo.
(*) Lúcia é o nome fictício para preservar e proteger à vitíma de violência. Ela conseguiu na tarde de segunda-feira registrar o Boletim de Ocorrência, mas as ameaças agora são feitas por telefone e ainda enfrenta o medo já que o suspeito ainda não foi ouvido pela polícia, segundo ela.
Foto: Giuliano Lopes (Assembleia Legislativa)
Texto: Jacqueline Lopes (assessoria de imprensa Mandato Pedro Kemp)
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