“O poder público precisa buscar outras alternativas de atendimento à população”.
O deputado estadual Pedro Kemp (PT-MS) em seu pronunciamento na tribuna nesta quarta-feira (26) fez um alerta sobre o risco que corre a saúde pública da população de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul. Ele citou o problema em torno do maior hospital do Centro-Oeste e um dos mais importantes da América Latina, a Santa Casa de Campo Grande.
“Estamos vendo pela imprensa que os médicos estão anunciando uma paralisação dos atendimentos porque os salários estão atrasados e a direção da Santa Casa joga a responsabilidade para o poder público dizendo que os salários estão atrasados porque a Prefeitura e Governo do Estado atrasam também no repasse do recurso”.
“É uma novela que se arrasta há muito tempo, desde o início os anos 2000”, disse. “A gente ouve falar da situação da Santa Casa que tem uma dívida enorme, que tem atrasado o salário dos médicos e que não reduz as filas de cirurgias eletivas. A direção da Santa Casa constantemente reclama dos repasses tanto pelo governo federal, governo do Estado e da Prefeitura de Campo Grande”.
Segundo Kemp, existem das partes dos governos uma explicação que os repasses são feitos, mas nunca são satisfatórios, suficientes. “Há uma certa desconfiança da aplicação desses recursos, da forma como são geridos. Há um questionamento sempre que é feito sobre a administração da Santa Casa que está sempre reclamando que falta dinheiro, mas mesmo após os repasses sendo feitos os serviços não são normalizados e as reclamações continuam”.
Diante desse impasse entre a administração da Santa Casa e o poder público, de acordo com o parlamentar, a população fica sem atendimento.
“Na briga do mar com o rochedo quem leva a pior? A conchinha. Na briga da direção da Santa Casa com a Prefeitura e o Estado quem leva a pior? A população que volta pra fila das cirurgias eletivas, tem suspenso o procedimento, não tem previsão de data e aí o problema continua se arrastando”.
Segundo informações da imprensa, a Santa Casa realiza uma média de 150 cirurgias eletivas por dia. Isso significa que a greve que os médicos estão anunciando vai aumentar a fila de espera ou represar ainda mais o número de pacientes que estão aguardando para fazer a cirurgia eletiva. “Essa situação é extremamente preocupante. Campo Grande e Mato Grosso do Sul não podem ficar refém da Santa Casa”.
A política de Saúde não pode ser “hospitalocêntrica”, ou seja, o hospital no centro, tudo direcionado para o hospital. A suposta superlotação no Hospital Regional, que é da administração do governo estadual, é considerada pelo secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende que ao invés das pessoas procurarem as unidades básicas de saúde, os postos de Saúde, todos vão para o Hospital Regional.
Diante dessa situação, existe um problema muito sério. Segundo Kemp, as pessoas deveria receber atendimento de qualidade nas unidades básicas de saúde, nas unidades de pronto-atendimento. Dessa forma, somente os procedimentos que exijam cirurgias mais complexas seriam feitos nos hospitais.
“Quando tudo é direcionado para o hospital acontece esse problema, o hospital fica super lotado, atendimento fica a desejar e encarece demais a manutenção daquela unidade hospitalar”, pontua Kemp.
A imprensa trouxe a informação sobre a possível construção de um hospital municipal. Kemp defende a ideia como importante para que o poder público não fique refém da Santa Casa.
O deputado lembrou que em 2005 foi feita uma intervenção no hospital filantrópico que recebe verbas públicas. Falta transparência na gestão dos recursos no hospital, segundo ele.
“A Santa Casa foi devolvida para a Associação Beneficente logo depois. Se naquela época houve um equacionamento da dívida, e agora por que o problema persiste?É preciso que o poder público atue para colocar um fim na situação”.
O poder público cogita a contratação de serviços de outros hospitais para não ficar dependentes da Santa Casa.
Outro ponto abordado pelo deputado é a necessidade de o Governo do Estado investir mais na política de regionalização da saúde para evitar que os pacientes do interior tenham que ser transferidos para a capital em busca de atendimento.
“Precisamos fortalecer a regionalização da Saúde dotando os hospitais regionais nas cidades pólos de condições de infraestrutura de equipamentos para atender a população na região e alternativas para atender a população em Campo Grande para desafogar essa fila de cirurgias eletivas, de casos que precisam de atendimento. Precisamos de alternativas para atender a população para a gente ter um fim nessa novela que é essa troca de acusações entre Santa Casa e poder público e finalmente, atender a população que precisa”.
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