O líder da bancada do PT, deputado estadual Pedro Kemp repudiou nesta manhã (30) na tribuna da Assembleia Legislativa o corte de salário dos servidores administrativos da Educação que protestaram no início do mês e pernoitaram na Casa de Leis por melhores condições de trabalho e contra os 6% de reajuste. Com a cópia de um holerite em mãos, o parlamentar denunciou que o Governo de Mato Grosso do Sul cortou R$ 39,00 de uma servidora, agente de recepção e portaria de escola, cujo valor líquido salarial é de R$ 660,37. “Como que um Governo que tem R$ 1,8 bilhão em caixa tira R$ 39,00 do salário de um servidor que ganha R$ 660?”, questionou baseado na prestação de contas do TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Como membro da bancada de oposição, Kemp teceu criticas quanto a postura do Governo, pois segundo ele, não respeitou o Legislativo nem tampouco os parlamentares da bancada de sustentação, a maioria na Casa.
O parlamentar disse que a Presidência da Assembleia Legislativa firmou compromisso com os servidores de que o Governo não cortaria o ponto, mas foi surpreendida com a denúncia feita pela Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) de que ao menos 500 servidores tiveram os nomes na lista da Secretaria de Estado de Educação como punição pelo dia de paralisação. Prevaleceu segundo ele a prepotência, a arrogância e a insegurança, pois o autoritarismo demonstra a falta de liderança e o desejo de impôr suas vontades sem respeitar as pessoas, conforme Kemp que lembrou uma frase de Paulo Freire: “O autoritário no fundo é uma pessoa insegura, que tem medo de perder a autoridade e usa da força de repressão para calar o comandado, para que não permitir que expresse, se manifeste e mostre a sua força”.
Os deputados Paulo Duarte (PT), Cabo Almi (PT), Márcio Monteiro (PSDB) e Diogo Tita (PPS) apoiaram Kemp.
“Está confundido liderança com autoritarismo”, disse Paulo Duarte acrescentando que “essa foi uma demonstração de falta de postura para quem tem o cargo de Governo”.
Já Cabo Almi endossou as falas e disse que se não houve o cumprimento da palavra do Governo com a base de sustentação, não há mais confiança. Márcio Monteiro por sua vez considerou o momento mais triste de seu primeiro mandato como deputado estadual. De acordo com o deputado tucano, a harmonia dos poderes preconizada na Constituição Federal, não foi levada em consideração. “Essa Casa ficou constrangida, pois foi desautorizada. E cada um de nós tem que fazer essa reflexão de como atuar daqui pra frente”, disse Monteiro deixando a entender que os votos a favor do Governo precisam ser reavaliados já que um compromisso foi quebrado.
Pra finalizar Tita, que é presidente da Comissão de Educação na Assembleia, elogiou a equipe do Governo e disse que não entendeu a razão do procedimento e sugeriu que ficou a impressão de que há uma intenção do Executivo de “diminuir” o Legislativo perante a opinião pública.,
Kemp finalizou dizendo que a decisão de punir os servidores sem ao menos dar como alternativa a reposição de um dia de trabalho representa o excesso de orgulho, pois “o governador não quer descer do seu pedestal”.
O presidente da Assembleia disse à imprensa que iria sugerir ao Governo que descontasse os R$ 60 mil do duodécimo do Legislativo para a reposição do dinheiro descontado em folha.
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