Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), que reúne entidades e organizações como a CUT, a UNE, o MST e a Marcha Mundial de Mulheres, prepara megacampanha de mobilização contra o desemprego em todo o país.
São Paulo – A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), rede criada ano passado para unificar agendas de luta de diversos movimentos em nível nacional e estadual, está preparando uma ofensiva massiva contra a política econômica do governo que, segundo os movimentos, é responsável pelo aumento para 19,1% do desemprego nos centros urbanos e por uma queda de 12,5% da renda dos trabalhadores empregados.
Em documento divulgado no início desta semana, a CMS afirma que “a atual política [econômica] mantém claro viés neoliberal e um caráter de classe perverso, subordinada ao capital financeiro e aos acordos com o FMI, lesivos aos interesses nacionais”, e exige a priorização da “valorização do trabalho como fonte de desenvolvimento, base para o fortalecimento do mercado interno e condição para a defesa da soberania” por meio da redução dos juros, valorização do salário mínimo, implementação da reforma agrária, redução da jornada de trabalho sem redução de salários, reforma urbana, o não-ingresso do Brasil na Alca e o rompimento com a tutela do FMI sobre a economia nacional.
Segundo Paulo Vinicius da Silva, diretor de relações internacionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), a CMS priorizará, este ano, a questão do desemprego, apesar de focar as pressões contras o governo na demanda de defesa da soberania nacional e mudança do projeto econômico. “Avaliamos que estas questões interferem diretamente na vida do trabalhador, mas priorizaremos a questão do desemprego porque é um assunto que mobiliza a sociedade como um todo”, afirma Paulo Vinicius.
Neste sentido, explica, o fato de 2004 ser um ano de eleições será aproveitado politicamente pelos movimentos para pressionar partidos e governo. “Vamos investir pesado na mobilização social e nas manifestações de massa. Veja, a cada atitude mais progressista do governo, os setores conservadores, como os ruralistas, se manifestam imediatamente e ainda contam com o apoio da imprensa. Se os movimentos sociais não tomarem as ruas, fica difícil implementar qualquer agenda alternativa”. Para fortalecer suas ações, a CMS está buscando a adesão de novas organizações e entidades, como a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Nos próximos meses, a CMS deverá promover uma série de atividades em todos os Estados brasileiros para preparar o lançamento nacional da Campanha pelo Direito e Valorização do Trabalho, dia 1º de maio. Datas como 8 de março, Dia Internacional da Mulher, 20 de março, Dia de Protesto Global contra a Guerra e o Imperialismo Americano e 17 de abril, Dia Internacional da Luta Camponesa, serão marcadas por manifestações, preparatórias para os atos em todo o país de comemoração do Dia Internacional do Trabalho, em 1º de maio.
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