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Trabalho de jovens em casa de família é atividade análoga à escravidão, diz movimento feminista

maio 1, 2008 | Geral

O trabalho gratuito de jovens indígenas ou filhas de camponeses em casas da classe média em troca de moradia e alimentação, uma situação comum em Mato Grosso do Sul, é considerado pelos movimentos feministas uma atividade análoga à escravidão.

Sônia Coelho, militante da SOF (Sempreviva Organização Feminina) e da MMM (Marcha Mundial de Mulheres) disse hoje durante audiência pública “MS pelo Trabalho Digno”, de autoria do deputado Pedro Kemp (PT), que as adolescentes são levadas para as residências com a promessa de terem educação, saúde e alimentação adequados, no entanto, muitas vezes, essas ofertas não se concretizam. “Essas meninas perdem toda a infância trabalhando como empregadas domésticas. Nem mesmo o estudo é oferecido a elas e muitas chegam a sofrer violências”, disse.

Durante o debate, que aconteceu no plenário da Assembléia Legislativa, Sônia Coelho abordou ainda a precarização do trabalho da mulher. Dados do movimento demonstram que a maior parte das trabalhadoras brasileiras tem como atividade o trabalho doméstico. “17% das mulheres são empregadas domésticas e a maior parte delas trabalha sem carteira assinada”, disse, lembrando outra característica dessa atividade profissional. “Elas também são mulheres muito jovens”, comenta.

Conforme a SOF e MMM, as mulheres estão em desvantagem também na remuneração salarial, se comparado aos homens. Estatísticas comprovam que as trabalhadoras recebem 30% menos que eles, mesmo desempenhando funções idênticas aos trabalhadores no mercado de trabalho. “A maior parte delas recebem até três salários mínimos e desempenham funções repetitivas que as levam a um quadro de doenças”, explica, ponderando que também as com formação superior enfrentam esta realidade.

Além de Sônia Coelho, participaram da audiência pública, o procurador do MPT (Ministério Público do Trabalho), Cícero Rufino, a Superintendente da DRT (Delegacia Regional do Trabalho), Marlene Nogueira, o representante da CPT (Comissão Pastoral da Terra), Mieceslau Kudlavicz, e a prefeita de Itaquiraí, Sandra Cassone.

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